Barão Geraldo é um dos quatro distritos pertencentes ao município de Campinas. O nome é uma homenagem a Geraldo de Rezende, que herdou de seu pai a gleba de terra conhecida por Santa Genebra, antes de ser urbanizada.
A fazenda, que na época da fundação de Campinas foi parte do latifúndio de Francisco Ignácio de Sousa Queiroz, prestava-se ao cultivo de cana de açúcar. Com a morte de seu proprietário esta foi dividida em duas propriedades, chamando-se uma delas de Morro Alto, herdada por sua filha Genebra, que se casou com o primo Luís de Sousa Resende.
Com o falecimento precoce da esposa Luís perdeu o interesse pela fazenda que, adquirida pelo pai, o Marquês de Valença, alterou-lhe o nome para Fazenda Santa Genebra, em homenagem à nora.
Como herança, o marquês deixou-a para o filho mais novo, Geraldo Maria Ribeiro de Sousa Resende, que se instalou na propriedade.
Casou-se com Maria Amélia, filha do conselheiro Albino José Barbosa de Oliveira, proprietário de outra grande gleba de terras, posteriormente conhecida como Fazenda Rio das Pedras.
As duas fazendas, Santa Genebra e Rio das Pedras deram origem ao distrito de Barão Geraldo.
A Fazenda Santa Genebra, que antes abrigava o engenho, nas mãos de Geraldo de Rezende foi completamente transformada para cultura de café e considerada modelo de inovação, onde se empregou toda a tecnologia da época.
Em 1889, para que se fizesse o escoamento dos produtos agrícolas de forma mais eficiente, foi construída a Estrada de Ferro Funilense, ligando o Bairro da Guanabara ao Núcleo Colonial Campos Salles (atual Cosmópolis). Financiada pelo primeiro presidente da Companhia, o Barão de Resende, e outros fazendeiros da época, Inicia-se a partir de então, o núcleo fundador do bairro que hoje é o Distrito de Barão Geraldo, a partir de uma capela e uma “venda” para atender as famílias que trabalhavam nas fazendas.
O contrato da Companhia Carril Funilense era de risco e tinha como principal exigência a hipoteca da linha férrea, caso a dívida para sua construção não fosse saldada.
A ferrovia nunca deu lucros Somente acumulou prejuízos, levando o Barão Geraldo e outros sócios à completa falência. Para saldar as dívidas, a Fazenda Santa Genebra foi leiloada. Tal fato levou o barão Geraldo a se suicidar ingerindo veneno, na sede de sua fazenda, em primeiro de outubro de 1907.
O início da urbanização da província dá-se na década de 40, com a instalação da empresa Rhodia e o loteamento do sítio de Agostinho Páttaro.
Em 30 de setembro de 1953 Barão Geraldo é elevado à categoria de distrito.
A partir de 1960, com a inauguração da Unicamp, ocorre um intenso processo de divisão do solo para fins urbanos e uma grande diversificação dos moradores de Barão Geraldo.
Atualmente, com área de aproximadamente 67 quilômetros quadrados o distrito possui pequenas hortas e chácaras, grandes propriedades com cultura de açúcar, grandes centros tecnológicos, universidades, hospitais. Na nobre periferia ainda se encontra o sossego e a proximidade com a natureza onde está a maior mata em centro urbano de Campinas, a Mata Santa Genebra.
MATA DE SANTA GENEBRA
A
Mata de Santa Genebra Com uma área de 251,77ha é um pedaço remanescente de
Mata Atlântica localizado no município de
Campinas, sendo a segunda maior
floresta urbana do Brasil, atrás apenas da
Floresta da Tijuca.
História
Localizada nas fazendas do
Barão Geraldo ficou para a família José Pedro de Oliveira Costa, que preservou intactos cerca de 100
alqueires da mata. Em 1981, a área foi doada para a cidade de Campinas pela viúva de José Pedro, Dona Jandyra Pamplona de Oliveira. A doação foi feita com a condição de que se criasse uma Fundação para mantê-la, e foi doada a "Sombra da Mata", ou seja, a mata só pertenceria à cidade enquanto se mantivesse de pé. Se as árvores não lançarem mais sua sombra sobre a terra, a propriedade deve voltar às mãos da família Oliveira Costa. Em 14 de julho de 1981 D. Jandyra formalizou a doação a uma Fundação Municipal criada pelo Poder Executivo Municipal, nomeada Fundação José Pedro de Oliveira. Em 1983, a área da Reserva foi tombada como Patrimônio Natural pela
CONDEPHAAT. Assim, não deve haver nenhuma construção numa faixa de 30 metros ao redor da mata, apenas um aceiro para possibilitar a manutenção e proteção da borda.
Flora
A Mata é formada por 85% de floresta semidecídua e 15% de mata de
brejo ou floresta higrófila. Existem algumas clareiras, causadas pela retirada de madeira nobre que houve no passado, mas a maioria delas já foram recuperadas. As árvores em geral são bem altas, contendo espécies que alcançam até mais de 25 metros, como o
jequitibá-rosa, a
peroba-rosa e o
jatobá. De estatura média, com 15 a 18 metros de altura, existem diversas espécies como o
jequitibá-branco,
cedro rosa,
pau-marfim e as
figueiras. Abaixo disso ainda há um
estrato, entre 5 a 12 metros, contendo 5 famílias predominantes: Meliaceae, Rutaceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae. Abaixo disso, existe ainda um
estrato herbáceo-arbustivo razoavelmente denso. Ainda é possível encontrar
epífitas, como
orquídeas e
bromélias, nas copas de grandes árvores das áreas mais preservadas. Nas áreas de floresta higrófila, a vegetação é característica de locais com alta umidade, limitando a quantidade de espécies. A floresta é mais baixa, com 10 a 12 metros de altura, e muito densa. Muitas das espécies possuem adaptações às condições de umidade, como
raízes adventícias e
lenticelas no
caule.
O
clima da Mata é semelhante ao do restante do estado de
São Paulo, um clima
sazonal.
Há poucos locais com afloramento de água na mata, mas pelo menos duas nascentes. Uma deságua no córrego da Lagoa, que contribui com o Ribeirão Quilombo. Outra deságua no Rio das Pedras, formador da Bacia do
Anhumas
A Mata apresenta uma fauna bem rica, apesar do desaparecimento de alguns animais, como a
paca e a
cutia. Vertebrados como o
macaco-prego, o
bugio e o
esquilo habitam a mata, além de alguns
marsupiais, vários
morcegos e outros mamíferos de pequeno porte,
cachorro-do-mato,
gato-mourisco,
mão-pelada e o
furão. Foram catalogadas mais de 150 espécies de aves, dentre as mais comuns o
tiê-do-mato-grosso, a
rendeira e o
tangará. Entre os répteis, foram registradas 21 espécies de
cobras, como a
jararaca e
dormideira, além de alguns lagartos. Existem também muitos
artrópodes e
aracnídeos, destacando-se as
borboletas e
mariposas, alvos de muitos estudos no Borboletário mantido pela Fundação.
O complexo do borboletário, instalado em 2000, ocupa uma área de 3.027,88 m², possuindo uma casa de criação e um viveiro de
borboletas, um jardim e um pequeno viveiro de plantas para alimentação das
lagartas. Na casa de criação são armazenados e acondicionados ovos, lagartas e pupas de borboletas, posteriormente soltas no viveiro. O jardim possui várias espécies de plantas atrativas para borboletas, e é utilizado por pesquisadores e para educação ambiental. A trilha dos bichos, um pequeno museu, com 87 peças entre animais taxidermizados, animais conservados em álcool, esqueletos e impressões de pegadas, é utilizada em atividades de
educação ambiental. O Viveiro de Mudas visa recuperar áreas degradadas dentro da reserva e reintegração de fragmentos florestais nas áreas tombadas. É utilizado para atividades de
educação ambiental
A Reserva Municipal se tornou um grande objeto de pesquisas e atividades educativas em várias áreas do conhecimento biológico, sendo administrada pela Fundação.
LENDA DO BOI FALÔ
Conta-se que a lenda do "Boi Falô" surgiu no ano de 1888, na fazenda Santa Genebra, de propriedade do Barão Geraldo de Rezende. Um dos escravos que trabalhava nas plantações de cana-de-açúcar e café foi obrigado pelo capataz a ir ao pasto e atrelar um boi para arar a terra, em uma sexta-feira Santa.
Diz a lenda que o escravo, chamado Toninho, um rapaz franzino e muito obediente, foi então colocar a canga no animal, que estava deitado sob uma frondosa árvore. Por mais que o escravo insistisse, o boi não saia do lugar. Foi ai que o boi olhou para o escravo, deu um mugido alto e disse: hoje é dia santo, é dia do Senhor, não é dia de trabalho.
O escravo saiu correndo para sede da fazenda, gritando: o boi "falô, o boi falô". Segundo a lenda, o capataz ainda teria tentado castigar Toninho pela insubordinação, mas ele correu para a Casa Grande à procura do Barão Geraldo que, ao ouvir seu relato, teria lhe dado razão e ordenado que ninguém trabalhasse naquele dia.
O escravo passou a trabalhar dentro da casa por muitos anos, até sua morte, e, em consideração aos seus bons serviços, acabou sendo sepultado junto ao túmulo do Barão, no Cemitério da Saudade, em Campinas. A lenda faz parte do folclore do Distrito de Barão Geraldo. O túmulo do escravo Toninho é um dos mais visitados no cemitério, principalmente pelas pessoas que querem alcançar uma graça.